Carregamento

Dado que o processo de carregamento da bateria dum veículo 100% elétrico e híbrido plug-in constitui o equivalente ao abastecimento de combustível num veículo convencional, o carregamento tem uma importância fundamental para a qualidade da experiência de utilização. Dois fatores fundamentais nesta equação são a disponibilidade e o acesso a locais ou postos de carregamento assim como a taxa e tempo de carregamento. Além disso as normas e requisitos técnicos que regulamentam os equipamentos e instalações elétricas utilizados no carregamento podem ser complexas até porque um veículo durante o carregamento pode, por exemplo, solicitar uma corrente elevada equivalente ao consumo de uma habitação durante várias horas.

O tempo de carregamento de um veículo elétrico é função de vários fatores nomeadamente da temperatura e capacidade útil de armazenamento e nível de carga atual da respetiva bateria, mas também da potência do posto ou local de carregamento e da potência máxima de carregamento inerente ao próprio veículo. Quando o veículo possui uma potência máxima de carregamento inferior à potência de carregamento do posto, então o veículo constitui o fator limitante do tempo de carregamento. Por outro lado, quando é o posto de carregamento que tem uma potência inferior à potência máxima de carregamento do veículo, então é o posto o fator limitante.

Em geral, um veículo elétrico é caracterizado por ter uma dada potência máxima de carregamento para os carregamentos normais (potência igual ou inferior a 22 kW), utilizando tomadas do tipo 1 ou tipo 2 (Mennekes), e uma outra potência máxima para os carregamentos rápidos (acima de 22 kW), utilizando tomadas do tipo 2, CHAdeMO ou Combo 2 CCS.

As tomadas utilizadas, embora adotando normas internacionais, variam em função das marcas. A tabela seguinte sumariza a informação relativa às características de carregamento para veículos 100% elétricos disponíveis em Portugal.

O tempo de carregamento de um veículo elétrico pode demorar entre 6 e 8 horas num posto normal. Nos postos de carregamento rápido demora entre 20 e 60 min a atingir os 80% da capacidade da bateria.

É viável utilizar um veículo 100% elétrico em viagens longas?

Em geral os postos de carregamento são ainda pouco abundantes em Portugal, sobretudo fora das localidades, o que pode travar a adesão pelos utilizadores a esta tecnologia. Por este motivo as viagens mais longas ainda carecem de um bom planeamento.

Através dum simples exemplo ilustrativo de um percurso longo (superior a 500 km) de autoestrada (A1 e A2) entre a cidade do Porto e a localidade de Paderne (Algarve), na interseção da A2 com a A22, e tendo em conta as características dos Postos de Carregamento Rápido (PCR) da rede Mobi.E na A1 (Estarreja, Pombal, Leiria, Santarém e Aveiras) e A2 (Palmela, Alcácer do Sal e Aljustrel) com tomadas tipo 2 de 43 kW, CHAdeMO de 50 kW e Combo 2 CCS de 50 kW, é possível concluir facilmente que alguns veículos 100% elétricos são muito pouco práticos para este tipo de utilização.

Estamos a falar dos veículos 100% elétricos que dispõem de baterias de alta tensão de menor capacidade e/ou de taxas de carregamento inferiores. Nestes casos o tempo despendido no carregamento do veículo constitui uma porção muito significativa do tempo total de viagem, devido à necessidade de efetuar paragens frequentes e/ou longas. De notar que aqui a taxa de carregamento para alguns veículos é inferior à sua taxa máxima devido às limitações de potência de carregamento inerentes à rede de postos da A1 e A2.

Contudo, o exemplo também sugere que existe já em Portugal uma oferta diversificada de veículos 100% elétricos que permite uma utilização adequada a percursos longos.